World Domination System
Capítulo 233
“Eles dizem que a Rede de Angaria permitirá que todo o continente saiba exatamente o quão poderosos os descendentes de nossa divindade são, permitindo que o mundo veja e tema o poder do Reino Corvo Negro.”
Gesticulando para o mensageiro que acabara de falar toda a missiva enviada pelo Reino de Lanthanor, o Rei Corvo Negro recostou-se no Trono enquanto esperava que o Velho ao seu lado falasse.
Devido ao recente aviso, ele vinha se comportando de forma bem submissa, diferente de antes, quando começou a agir de forma indisciplinada por causa do longo tempo que se passou desde que chegou ao acordo que ligava sua vida à do Velho.
Após ponderar um pouco, o Velho olhou para o Rei Corvo Negro e disse: “Permita. Vejo mais vantagens do que desvantagens. Seu Reino não é aquele no qual a opinião pública importa, ao contrário do Reino dos Elfos, onde uma influência na opinião pública pode mudar o próprio líder. Isso também fará com que o ‘pirralho real’ pense que estamos valorizando a ‘aliança’ alcançada devido às Sementes Echer. Certifique-se de enviar essa parte na comunicação. Além disso, crie um comitê para ficar de olho na Rede e avaliar se há algum risco de longo prazo para o Reino. E não me perturbe, a menos que haja algo importante. Eu sairei quando o duelo estiver para acontecer.”
O Rei Corvo Negro apenas acenou ao ouvir essas palavras, optando por observar enquanto o Velho saía da Sala do Trono.
Contudo, antes de sair da Sala do Trono, o Velho virou-se para dar um olhar gélido ao Rei como um aviso para que este não fizesse gracinhas em sua ausência.
Sentindo um medo instintivo, o Rei Corvo Negro não pôde deixar de agarrar sua virilha novamente, lembrando-se do aviso de antes.
Observando a porta fechar e deixando-o sozinho na Sala, o Rei Corvo Negro se levantou lentamente e caminhou em direção à porta, virando-se em direção à enorme estátua, que aparentemente existia desde a fundação do Reino.
Fechando os olhos, ele fez a única coisa que lhe ocorria no momento.
Ele orou.
Ele rezou para que alguém aparecesse e matasse aquele velho, cujo único propósito parecia ser distorcer o Reino para seus próprios interesses.
Isso definitivamente não era o que ele tinha em mente quando aceitou a oferta de se tornar alguém que pudesse estar acima de tudo e abaixo de um.
…
Nos aposentos reais, em Lanthanor, Daneel, Kellor e Eloise estavam parados na frente de um pergaminho enquanto esperavam pela mensagem do Reino Corvo Negro, que havia insinuado que logo enviariam a decisão do Reino.
Todos tinham expressões esperançosas, pois uma aprovação significaria que eles seriam capazes de atingir quase metade da população de Angaria Central.
Vendo o brilho no pergaminho, Kellor avançou e imediatamente segurou o pergaminho em sua mão, recebendo a transmissão.
Após alguns instantes, um largo sorriso se abriu em seu rosto, o suficiente para que os demais entendessem a mensagem.
Eloise imediatamente deu pulos no ar, gritando e batendo palmas antes de se acalmar, percebendo na presença de quem estava.
No entanto, o próprio Rei tinha um grande sorriso e parecia estar resistindo à vontade dele mesmo sair pulando pelo quarto.
Em vez disso, ele se virou para Eloise, que havia acabado de conseguir se controlar, agarrando-a pelos ombros, antes de dizer entusiasmado: “Muito bem, Eloise! Você sempre está superando minhas expectativas! Obrigado por estar ao meu lado!”
Dizendo essas palavras o olhando diretamente nos olhos dela por um momento, o Rei se virou antes de iniciar uma conversa com Kellor sobre a logística de preparar ferramentas de comunicação em quantidade suficiente para entregar ao Reino Corvo Negro.
Assim, ele não percebeu que seu pequeno gesto de agradecimento havia feito Eloise congelar onde estava e olhar para ele, completamente encantada com os ombros largos que lhe davam uma medida da estabilidade e segurança que ela sempre procurou por toda a vida.
À medida que esse sentimento a dominava, ela percebeu que o que sentia pelo Rei há muito tempo superavam aqueles que existiam entre um governante e um súdito leal.
Sentindo como se seu estômago estivesse cheio de borboletas, ela saiu da sala, repassando várias vezes em sua mente o momento que acabara de ocorrer.
…
Dois dias depois.
Um homem, disfarçado de viajante, entrou no Reino Corvo Negro antes de seguir em direção a uma cidade próxima.
Embora o Reino Corvo Negro também fosse cercado por muralhas, como o Reino de Lanthanor, esses muros não podiam nem mesmo impedir a entrada de uma formiga, se comparados com os inexpugnáveis muros lantanorianos, que haviam repelido inimigos por séculos.
Os muros do Reino Corvo Negro eram feitos de tijolos de pedra unidos por uma mistura de argila. No topo, uma camada de metal foi aplicada para aumentar a resistência.
Apenas Magos que eram bem experientes no manuseio de partículas elementares de metal poderiam até mesmo esperar derreter ferro suficiente para tornar tal revestimento possível.
Portanto, este foi um dos projetos mais caros que o Reino Corvo Negro já empreendeu, mas que provou seu valor várias vezes ao oferecer uma forte resistência contra os inimigos que já atacaram esses muros.
É claro que, ao contrário das muralhas de Lanthanor, elas poderiam ser destruídas com muito mais facilidade, o que resultou em muitas aldeias e cidades que não optaram por se situar perto das fronteiras.
A maior parte da terra era estéril, fazendo com que, mesmo que um invasor conseguisse romper a parede e entrar, eles seriam recebidos por terra nua e sem fortalezas para assumir o controle.
A detecção de teletransporte impedia que as pessoas entrassem como quisessem e a força de ataque do Reino Corvo Negro estava classificada entre as melhores em termos de velocidade de resposta, o que fazia qualquer um pensar duas vezes antes de decidir atacar essas terras.
Daneel já havia lido sobre todos esses fatos no dossiê que eles tinham em Lanthanor.
Embora ele estivesse relutante em interromper seu treinamento, ele havia tomado a decisão de investigar sozinho a situação do Reino Corvo Negro, simplesmente porque, em breve, ele teria que descobrir uma maneira de assumir o controle dele, assim como havia feito com Eldinor.
Esta foi, na verdade, sua segunda parada após sair do Palácio de Lanthanor, porque ele foi primeiro ao local da mina de Gemas Ker para pegar as joias formadas na Câmara de Treinamento Energizado Natural.
Feliz por, pelo menos ter uma maneira de treinar sem correr o risco de expor a gosma, Daneel assumiu esse disfarce antes de entrar no Reino Corvo Negro.
Ao chegar à aldeia, percebeu que o estilo de arquitetura era diferente do de Lanthanor.
Em Lanthanor até as aldeias tinham casas feitas de tijolos de pedras porque a tecnologia simples para construir tais casas havia proliferado entre o público há muito tempo.
No entanto, no Reino Corvo Negro ele viu que muitas casas ainda eram feitas de barro e palha.
Claro, estabelecimentos maiores, como pousadas, ainda eram feitos de tijolos de pedra.
Hospedando-se em uma dessas pousadas na cidade que ficava mais próxima do local onde o Rei Corvo Negro logo lutaria contra o desafiante, Daneel pediu as iguarias do local antes de perguntar ao barman: “Estive em Lanthanor e Eldinor, mas esta é a primeira vez que vi casas como essas, que pareciam tão primitivas. Por que isso acontece?”
O barman era um indivíduo que usava um tapa-olho, com um velho corvo empoleirado no ombro, que olhava para Daneel com desconfiança, como se ele não fosse quem parecia ser.
De fato, depois de entrar no Reino, ele percebeu que os Corvos Negros não eram tão raros quanto ele pensava. Dos 10 cidadãos que ele tinha visto, pelo menos três ou quatro tinham corvos empoleirados em seus ombros ou descansando em suas mãos, enquanto as pessoas realizavam suas tarefas diárias.
Embora ele tivesse lido essa média no dossiê, a realidade era realmente algo impressionante de se ver.
Era quase como se toda a sociedade fosse construída em torno da relação entre essa espécie inteligente e os humanos.
De acordo com o que ele havia lido, todo e qualquer cidadão do Reino Corvo Negro teria a opção de tentar e relacionar com um Corvo após atingira idade de 14 anos.
Esta oferta não se estendeu a estranhos ou mesmo aqueles que optaram por se casar fora de sua própria sociedade.
Isso lembrou a Daneel de algumas comunidades na Terra que também agiam da mesma maneira, sendo abertas a estranhos, mas ainda priorizando o “sangue”.
Como a própria população era de milhões, a endogamia não era um problema, exceto em casos raros.
“Típico estrangeiro. Essas são as casas dos verdadeiros cidadãos e estão um nível acima quando comparadas às casas de pedra. Eles mantêm as casas naturalmente frescas e são encantados com feitiços especiais para aumentar a defesa. Eu gostaria de poder morar em um desses.”