I Minha casa I

Olá, é um prazer te ter aqui.
Só não repare na bagunça.
Eu acabei de me machucar,
Então não faça caso das minhas ataduras.

Sei que soa um pouco excêntrico,
Mas sinta-se em casa.
As paredes não são enfeites,
São minha própria jaula.

Gostaria de um café?
Ou quem sabe uma história?
De um homem, que fora machucado,
Em toda sua trajetória.

Sente-se no sofá,
Sinta-se à vontade.
Só não foque nas rachaduras,
Elas demonstram minha imaturidade.

Como está a temperatura?
Para meu ser, está ótima.
O quê? Sente frio?
Perdoe-me, é o infortúnio em minha volta.

Me conte sobre o seu dia,
Ele foi bom? Está sendo legal?
Não me pergunte sobre meu tempo,
Ele tem sido bem sem sal.

Sobre a cor da minha casa?
Que pergunta mais intrigante.
Optei por uma cor, que a outros olhos,
Não seja tão repugnante.

Gostou das janelas?
Que bom, eu fico feliz.
Elas mostram-me o passar do tempo,
E cada cicatriz.

Oh, você já vai?
Mas tu acabas de chegar.
Que infelicidade, parece que
Minha casa ninguém chamará de lar.