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I O homem que dança com demônios I
Já se fazem muitas eras que o ser humano conta histórias sobre seres místicos. Não é novidade, para qualquer pessoa, a existência de monstros. Eles se movem pelas sombras, seduzem os desprovidos de autodefesa e os levam para os confins de uma realidade que até hoje ninguém conseguiu retornar.
Eles têm vários nomes, assim como também têm várias faces. Seja um anjo desfigurado ou até mesmo o esqueleto de uma baleia, que traz consigo o mau agouro. Não tenho medo daqueles cuja aparência há tempos já é conhecida. Tenho aversão àqueles que mais se parecem humanos.
Em minha vida, já tive o desprazer de conhecer várias destas criaturas. Alguns tinham olhos escuros, outros portavam olhos claros. Uns tinham cabelo grande, outros nem tanto. Enfim, seus truques sujos transcendem a razão humana.
Eles entram em sua vida com uma proposta de paz. Uma singela dança, aproveitando os ritmos dos tambores das nossas guerras internas. Se eu pudesse pontuar alguns pontos, diria que a indiferença em seus rostos, ao ver a desgraça de outrem, é o que mais me causa aflição.
Como se todo o esforço nesta dança não fosse mais que uma pequena diversão. Após deixar marcas em um coração, eles partem. Esquecem sua existência e seguem para a próxima dança. É um tango infernal de feridas. Quando elas se fecham, eles fazem questão de se mostrar presentes novamente, apenas para cutucar a casca e arrancá-la.
Até os dias de hoje, não sei diferenciar seres humanos e demônios. Creio que a existência deles não passa de um reflexo distorcido do que as pessoas têm em seu coração, seja insegurança, rancor ou infelicidade. Mas essa é só a opinião de um dançarino, que pela sátira do destino, se fez incapaz de recusar uma dança.
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